Um pouco mais de oito horas de trabalho árduo, intenso, sem parar (excepto a pausa para o almoço, não sou americano); o dia termina no KARL. Quando eu cheguei a Shelter Bay pensei que ia ficar aqui um mês ou dois e detestei a ideia. Acabei por ficar duas semanas e tenho pena de não ficar mais.
É a melhor maneira de deixar um sítio: com pena.
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Não sei o que é viver mas sei o que é estar morto. A questão interessa-me pouco, na verdade. Viver é ter dias como os de hoje, morrer foi o ano que passou. Ser imortal não é não morrer. É ter vivido.
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O ETD está marcado para quarta-feira. Depois de amanhã. Ainda tenho uma eólica para montar, uma série de escotilhas para impermeabilizar, mudar óleo e filtros, preparar a navegação, aprovisionar (para mim, os armadores dizem que não comem no mar. Alimentam-se de Granola Bars.)
Não me posso queixar. Quem quereria uma largada calma, se pode ter uma normal?
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Numa coisa gosto dos americanos: ao fim de cada dia de trabalho tenho o dinheiro na mão, sem perguntas nem hesitações.
Se um dia alguém me dissesse que ganharia dinheiro - tendo presente que isto não é bem ganhar dinheiro, é ganhar o dia, o vinho, a viagem para Palma, o rum anti-insónia - a fazer reparações eu diria Estás doido. A continuar assim, qualquer dia vou cozinhar, ou fazer fotografias (bastaria ter uma cozinha, ou uma máquina fotográfica).
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A noite está deliciosamente cálida, sem vento, sem agitação. Não merece uma insónia.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.