O transporte para as Fidji afinal não era para as Fidji, era para Sidney. Passou-me a milímetros, de raspão, questão de dias. Mas os armadores já têm tudo arranjado para pôr o barco em seco aqui. Ainda hesitaram, mas acabaram por não mudar de projecto.
Para compensar - de quê? Não há razão alguma, para além da sua extrema simpatia - S. ofereceu-me um dinghy desmontável, uma coisa que nova vale dois mil dólares e posso esperar vender por quinhentos ou seiscentos. Só porque hesitaram bastante e viram quão tanto eu queria fazer o transporte.
Também B. e C., os armadores do T. me disseram que me pagariam "qualquer coisa" para compensar a anulação da viagem. Depois de um ano a trabalhar para um atrasado mental sinto-me de regresso ao mundo normal , um mundo no qual há respeito, empatia e sensibilidade.
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No restaurante da marina não se pode entrar descalço. A. explica-me que é uma norma do serviço de higiene. Não percebo em que é que um par de sapatos é mais higiénico do que um par de pés descalços, mas o restaurante tem o direito de definir a maneira como quer os clientes vestidos; e de qualquer forma é raro ir lá comer e ainda mais raro comer no interior, de maneira pouco me inquieto com os sapatos.
Mas hoje é um dia de confluências poderosas. Pus os sapatos, um bocadinho de Fahrenheit, estabeleci um limite severo mas generoso para a quantidade de dinheiro que posso gastar e vim comer ao The Dock. Qualquer dia estou em Palma.
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"Tu e o P. são de longe os melhores trabalhadores que já trabalharam para o T.", dizem-me os jovens e generosos armadores. Quanto ao P. não tenho dúvida nenhuma. É o melhor electricista / electrónico com quem já tive o prazer de trabalhar.
Já de mim tenho muitas e justificadas dúvidas. Apesar dos elogios de P., que já viu passar outros.
Não gosto do que estou a fazer, mas gosto de fazer bem o que faço. Ou pelo menos o melhor que posso.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.