A minha avó F. - uma senhora que me ensinou a não misturar sexo, casamento e amor porque são três coisas diferentes (ensinamento esse do qual eu só tarde mas não tardiamente descobri a verdade e o alcance) - dizia que as decisões importantes devem ser tomadas pela almofada. Ou que em todo o caso se deve sempre perguntar-lhe (à almofada) a opinião.
Eu pergunto sempre. À almofada, ao vinho, à cerveja, ao whisky ou ao rum, consoante; ao pequeno-almoço dos dias de de ressaca (muitos, graças a deus) e de não-ressaca (os restantes); a um par de seios ou a um olhar mais interrogativo do que os outros; pergunto a longos passeios no campo, no mar ou no Paredão, à minha memória e às minhas experiências.
(Depois acabo por tomar as decisões erradas, mas isso é outra história - a qual não tenho de resto sequer a certeza de que é verdadeira -).
Agora estou numa fase dessas. Se me custa recusar um trabalho bom - o tempo que passei à procura de trabalhos bons, meu Deus - como é recusar vários? Não sei. A verdade é que pouco me interessa: decida o que decidir o que me espera é bom. Não pelo que me espera, mas por mim. "O mundo é sempre mais pequeno do que o viajante que nele viaja". Ou, para continuar com Baldwin, "O impossível é o mínimo que se pode pedir".
Venha o que vier, é impossível. É bom.
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Auto-citação fora do contexto: "As fúrias dividem-se em más, malvadas e boas (exactamente como as
mulheres, aliás; e das mulheres que não são fúrias não vale a pena
falar)."
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.