De novo te cheiro as ruas, Lisboa; de novo as percorro como se nunca as tivesse visto, como se nunca delas tivesse saído. Estás em mim como eu em ti: longe me tocas, de longe te toco.
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Lisboa acolheu-me de braços abertos: pouco mais de uma hora desde a aterragem até chegar a "casa" (entre aspas porque não quero que a minha bonita e adorável anfitriã pense que me estou a fazer ao piso); cafés deliciosos a sessenta e cinco cêntimos, croquetes, imperiais, um passeio do Rato até ao cais do Sodré com uma doce e amical interrupção, uma imperial no British Bar, sorrisos, olá como está que bom é vê-lo, a H. está no Luxemburgo mas a S. pode cortar-lhe o cabelo, também a conhece, não conhece? Vinho tinto, beer shandy (Desculpe, hoje não há, só amanhã). Conheço.
No metro estas caras talhadas a foice, como se ainda ontem tivessem deixado o campo; montadas em chassis baixo, não vá a cidade desequilibrá-las. Caras fechadas até encontrarem um olhar conhecido. Caras bonitas, caras minhas, caras que reconheço sem nunca ter conhecido.
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O Nuno e o Silva do British Bar reformaram-se; o sr. Manuel da Ginginha Sem Rival morreu. O Sr. Oliveira continua com o seu quiosque no Príncipe Real, a Ana na Pastelaria Doce Real.
Há caras sem nomes, mas todas têm um sorriso.
Lisboa recebe-me como recebe todos os que a visitam: de braços e sorrisos abertos. De vento aberto: cidade navegável como se fosse um mar, cidade navegada com vida, como vida.
De ventre aberto; de boca aberta; de pele aberta; em ti mergulho Lisboa como em tudo mergulhei: do pelo aos pés, da pele aos ossos, agora e sempre.
Amanhã há mais.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.