O tubarão perdera a barbatana havia muito tempo, mas mesmo assim ainda lhe custava nadar a direito. Foi uma galinha que me debicou a puta da barbatana. Tornara-se carnívora e eu não dei por nada, explicava a quem o queria ouvir.
Ninguém o queria ouvir.
Estava na rua das Chagas (abertas). Ao fundo da rua há um barbeiro desses que imitam os barbeiros de antigamente.
Estou farto do antigamente. Quando é que estes gajos começarão a imitar o futuro?
Mas entrou. Barba, cabelo e poucas palavras, pediu.
Na parede havia um cartaz. Corte o cabelo cinco vezes e deixamo-lo sair para a rua das Chagas (fechadas).
Não seria má ideia. Estou farto de andar às voltas na porra da Chagas (abertas). Mas sem a barbatana não faço senão andar às rodas. Puta da galinha carnívora.
O barbeiro estava com medo de lhe fazer o bigode.
O senhor promete que não me come o braço?
O tubarão acenou. Agora sou herbívoro, sua besta. E quando acabar recomece tantas vezes quantas as necessárias para eu poder sair pela ruas das Chagas (fechadas).
Se o senhor tubarão me deixasse falar talvez eu pudesse dar um jeitinho...
Estes cabrões mai-los jeitinhos. Irritado comeu o braço ao barbeiro.
A porta da rua das Chagas (fechadas) abriu-se.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.