Chego a Belém depois de uma viagem de treze horas de autocarro. Brasil sendo Brasil o veículo que fez a viagem é diferente do que estava no plano onde o jovem senhor do guichet me instou a escolher o lugar.
Que importa? Tudo passa quando se chega ao A-Ver-o-Peso, um dos meus mercados favoritos, à beira do Amazonas, ponto de partida e ponto de chegada para tudo o que a humanidade produz, seja onde for. Peço ao taxista que me deixe ali, e acabo o trajecto a pé.
Sinto-me numa colmeia da qual a rainha se embebedou e as abelhas tentam organizar-se sem ela.
O mercado é grande, ocupa vários edifícios e está arrumado por sectores: peixe, comida, produtos manufacturados, tascas. As ervas, frutas, comidas cheiram maravilhosamente. Não há melhor maneira de avaliar a qualidade do peixe do que pelo cheiro, e um mercado de peixe que não cheire mal é sempre um prazer.
Há muitos que não conheço: peixes do rio, alguns enormes, com nomes como filhote (imagino o tamanho dos pais). Envolvo-me num diálogo à desgarrada com um dos vendedores, como um quibe, procuro em vão um café sem açúcar.
Amanhã.
Espera-me mais uma noite de viagem, uma só. Agora espera-me Belém do Pará, e é nela que me vou perder.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.