Que esta semana andei pouco de bicicleta confirma-se - como se fosse preciso confirmar - pela roupa lavada: chego ao fim da semana com roupa para mais dois dias.
E que chego ao fim de um ciclo confirma-se pelo ensurdecedor clamor dos meus livros, fechados em caixas há dez anos. Querem uma estante, querem ser abertos, folheados, redescobertos (a maioria) ou simplesmente lidos, os outros. Tão alto que o oiço daqui.
E que nada disto é linear confirma-se pela quantidade de cigarros que fumei esta semana. Deixei de os comprar avulsos e compro maços, que fumo até ao enjôo. E pelas caipirinhas, que consumo menos do que há uns tempos e mais do que seria desejável (quelquer número acima de zero é indesejável).
Tenho a impressão de que vou fazer uma visita ao meu amigo Raimundo. (A julgar pelas suas frequentes ausências do Senzala Bar deve estar a passar por momentos iguais, ou semelhantes).
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Gosto desta praça. É a mais bonita da Praia Grande: fica junto ao mar, do qual está separada por uma rua apenas; tem vento, poucos prédios em ruínas - a maioria está recuperada -; poucos bêbedos, crackómanos, pedintes e restante fauna do ecosistema; e tem o melhor bar do bairro.
Chama-se Bar do Porto e já aqui falei nele. Inútil insitir. Ao lado há uma discoteca e logo a seguir outro bar chamado Contraponto. Venho ao Porto ouvir blues, mas levo com a "música" do Contraponto em cheio. A noção de vizinhança é Putinesca; quem tem mais força ganha.
E eu fujo. Blues misturados com barulho não funcionam, por muito bem que sejam tocados e cantados.
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Os meus queridos amigos brasileiros perdoar-me-ão, espero, peço; mas o Brasil por vezes faz-me pensar no Ubu-Roi, um gigantesco e ubíquo Ubu-Roi.
Perto da pousada que gentil e lindamente me acolhe há uma cachaceria - a qual de resto será objecto de um post um dia -; pertence a um senhor chamado Baptista e de vez em quando vou lá beber um "conhaque" (entre aspas porque de cognac não tem rigorosamente nada) ou uma cachaça de Mastruz, erva misteriosa que aparentemente cura todas as maleitas do corpo e em mim cura todas as outras também.
Ontem alguém perguntou ao Baptista porque é que ele tem dois expositores de baldes à porta. Resumindo muito, a resposta foi: porque na Zona Histórica não podemos pôr tabuletas comerciais. Eu gostava de ter o talento de um Zola ou de um Dickens para descrever as ruas pelas quais passo para ir beber o meu Mastruz: imundas, mal-cheirosas, com os prédios em ruínas, pessoas a fumar crack em tudo quanto é canto, calçadas pelo que tudo indica terem sido calceteiros com excesso de LSD no sangue.
Mas a preocupação são as tabuletas comerciais, claro. (Acessoriamente, o Baptista vende os baldes. Suponho que se não os vendesse não poderia tê-los à porta para sinalizar o seu estabelecimento).
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.