A cada hóspede da Little Crew House são dadas quatro chaves: portão principal, porta do quarto, cozinha e duches. Os duches e a cozinha são maus, mas precisam de chave "por causa das pessoas que não estão na pousada".
Hoje é a última noite que lá fico. Amanhã tenho a escolha entre um Amel, um trawler e, se for para a água na terça o meu velho conhecido C., no qual fiz uma viagem e uma amizade memoráveis.
Costumo dizer que sou um estrangeiro onde quer que esteja, mas não é verdade.
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O Amel e o trawler estão entregues a G. um brasileiro e português cuja família viveu em Lourenço Marques. O pai era director de uma empresa de petróleo. Foi para o Brasil depois da revolução "com a roupa que [tínhamos] no corpo"e fez uma fortuna. G. tem cinquenta e quatro anos. Veio para St. Martin para o baptizado de um afilhado mas não quer voltar para o Brasil. Os barcos pertencem a amigos dele que lhos deram para que ele tomasse conta deles aqui.
Entretanto vai fazendo uns trabalhos aqui e ali - mais para se manter ocupado do que por precisar de trabalhar, parece-me -. Cruzámo-nos a atravessar a rua para ir ao chinês. Cumprimentou-me em português, não porque me conhecesse mas porque não fala inglês. É uma simpatia, adorável como só os brasileiros sabem ser. Mesmo assim preferia que o C. fosse para a água. Quero estar sozinho. Assim que encontrar trabalho nunca mais terei um momento de solidão. Além disso o C. vai para Marigot, no lado francês.
Há vários tipos de solidão, exactamente como os silêncios são muito diferentes uns dos outros. Estou feliz com aquela a que finalmente cheguei. Ou veio a mim, não sei.
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Hoje é domingo, os lolos estão fechados. Tive de vir comer ao Yacht Club. Parece que ainda estou em Galveston. Comida de plástico - consegui o prodígio de comer uma jerk chicken que não sabia rigorosamente a nada - empregadas a perguntar de cinco em cinco minutos "está tudo bem with you, sir?" e, no fim, uma conta desproporcionada à qual vai ser preciso adicionar a gorjeta.
Vou começar a trabalhar aqui, mas assim que puder mudo-me para o sul, para as minhas Caraíbas: St. Vincent, Grenadines, Union Island, Deux Pitons, Bequia.
Bequia.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.