Em movimento. Pela estrada fora. A caminho. Por vezes penso que a sedentarização foi um erro, um beco sem saída, qualquer coisa que a evolução se encarregará de corrigir, de forma a que a humanidade reencontre o nomadismo, seu status natural.
O habitat natural do homem é a Terra; toda ela. Não um continente, um país, uma cidade ou mesmo um mar.
A sedentarização foi um acidente. Em breve o nomadismo regressará e o nómada deixará de ser visto como um animal exótico.
Sigo com curiosidade os incidentes, as conversas, os fios que unem os passageiros do autocarro que me leva de Fort Lauderdale para Miami. É um autocarro urbano, como se a Carris tivesse uma linha para Cascais.
De Jacksonville para St. Augustine foi a mesma coisa: dois autocarros urbanos (que infelizmente não funcionam aos domingos, mas isso é outra história).
As coisas encadeiam-se umas nas outras como a chuva se segue a um dia de sol e este àquela.
Tenho um destino, escolhido por mim. Estou a caminho. Está um dia bonito - mas se estivesse feio seria a mesma coisa -.
Cidade, mar, campo, comboio, autocarro, barco, casa, hotel, ontem, hoje, amanhã: tudo fragmentos de um quadro gigantesco do qual sou um dos pintores mas apenas vejo o que está para trás. E a parte da tela que neste momento se desenha perante mim: ruas, casas, uma enorme bandeira americana, um aeroporto, uma loja de charutos, centros comerciais, o senhor à minha frente que tem uma cara tão bonita... parece que saiu da Cabana do Pai Tomás, tanta bondade irradia. Já a senhora ao lado dele vem da Color Purple.
Desta vez não serão dois autocarros. Serão muitos mais. Vou chegar tardíssimo a Marathon.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.