16.7.15

Incompreensões, tintas

(Não sei se compreender é o verbo apropriado).

Compreendo muitas coisas. Por exemplo, que não se goste de sardinhas assadas, ou do cheiro de couve a cozer. Compreendo que não se goste de andar de bicicleta ou de barco à vela; a cobardia, se bem não a aceite; e o erro, sempre aceitável - o contrário seria como não aceitar o sol, não é? - a teimosia (quem não teima é porque não pensa antes de escolher). Compreendo uma data de coisas, mas infelizmente as que não compreendo são muitas mais.

Que não se goste das Vésperas, de Rachmaninov ou dos Cânticos de Hildegarde von Bingen. (Gostar não é a expressão: que não se seja subjugado). Ou não se acredite nas pessoas, na sua infinita capacidade de saber o que é bom ou mau para elas sem diktats das classes palradoras; no seu direito a enganar-se - a democracia é isso, acima de tudo o mais: o direito de se enganar -; no seu direito a decidir da sua vida. Que não se respeite essa decisão, mesmo se ela for errónea, como foi o Não da Grécia.

Não compreendo uma data enorme de coisas. E cada vez me estou mais nas tintas para elas e aprecio melhor as que compreendo.

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