Évora é uma cidade circular. A melhor maneira de se andar numa cidade circular é a direito. Cortar a direito. Andando a direito passa-se obrigatoriamente pelo centro. Nas cidades não circulares tem de se andar às voltas, como se se estivesse a recuperar um homem ao mar. Nessas cidades (quase todas, no fundo) demora-se mais tempo a chegar ao centro: o percurso é mais longo.
Nas cidades circulares vai-se direito ao assunto (se o assunto for o ou no centro, claro). É por isso que se deve resistir à tentação de andar em círculos numa cidade circular: arrisca-se não encontrar o centro, apesar de se saber para que lado fica.
O centro de Évora chama-se Praça do Giraldo. É uma caracteristica das cidades circulares: têm um centro facilmente identificável. Uma vez, há muitos anos, li histórias de detectives sentado num banco dessa praça. Eram histórias amadoras e doridas, pouco interessantes. À noite dormi numa pensão numa pequena rua, labiríntica.
Há inúmeros labirintos em Évora, escondidos na área circular da cidade.
E pelo menos um fora dela.
(Para a C.V., com ternura, afecto, carinho e essas labirintices todas).
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.