Se um dia tivesse de começar pelo princípio começaria pelo fim. Por este corpo que hoje da cama me olha como se me dissesse "Eu avisei-vos". Mas avisaste-nos de quê, Mãe? De que não irias sem uma última guerra? De que iríamos sofrer montanhas? De que um dia serias um esqueleto com pele por por cima e o sorriso de quem diz "Eu avisei-vos"?
Não sei. Espero não ter de começar pelo princípio. Espero poder começar pelo fim, por essa cama onde agora estás quase imóvel, quase muda, quase sem corpo mas com a força de sempre. Sem ti "energia" não teria o mesmo significado, pois não? Nem "teimosia". Nem "força". Nada daquilo que faz e fez de nós homens e mulheres, Mãe, teria o mesmo significado sem ti.
Voltas ao princípio e nós chegamos ao fim. O princípio onde agora estás, onde sempre estiveste, de onde sempre foste.
Esse espasmo que hoje vejo, Mãe, seremos nós um dia, no fim. O princípio és tu.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.