Acordas a meio da noite. Queres dormir mas estás irrequieto, inseguro. Falta-te uma respiração ao lado, uma pele.
Não sabes o que te aconteceu e menos ainda o que fazer. Olhas à tua volta. O quarto está às escuras e não tem respostas. Não as teria, de qualquer forma, mesmo iluminado: é em ti que elas se escondem.
Vou dar-te uma sugestão: pega numa palavra, uma qualquer. Amor, céu, triângulo, via láctea, Sirius, que é a tu estrela favorita. Uma qualquer.
Escolhes amor - ou talvez tenha sido ela a escolher-te -? Não sabes. Massaja-a bem, afaga-a, acaricia-a, molda-a nas tuas mãos em concha, aperta-a com força. Talvez amor seja a palavra mais bonita do léxico porque nela cabes tu e o mundo, o passado e o futuro, a luz e a sombra, tu e a pessoa que amas, a alegria e a felicidade e a dor. Tens a palavra nas mãos. Molda-a. É tua.
Aconchega-a bem: é frágil. Dá -lhe de comer: tem fome. Acolhe-a no teu regaço como se tivesse acabado de nascer.
Quando tiveres a certeza oferece-a. Já não é só tua.
Para a M., co-exploradora dos caminhos incertos do futuro, com e ao nosso amor caril.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.