Um par de pernas a abrir-se à minha frente antes e a ficar aberto depois, tão aberto que mais parecia braços do que pernas.
Respirava ela e respirava eu, devagar e ao mesmo tempo; olhávamos para o tecto. Talvez; ou talvez mais para dentro porque depois daquele abraço pouco ou nada há para ver que se queira ver ou não se tenha visto antes.
E depois, verdade seja dita: pára-nos o tempo, o ar flui mais devagar, mais de fundo, mais de como se não houvesse peso.
Era assim: ela na cama estendida de braços abertos até ao céu e eu calado não fosse o céu estragar-se e fechar-se.
- Queres um cigarro?
- Não, obrigado.
- E um whisky?
- Também não, obrigado.
- E um obrigado?
- É recíproco.
- E um beijo?
- Também.
- E silêncio, queres?
Não quero nada se não olhar-te e perder-me no abraço dessas pernas, nesse abraço que é o mundo todo inteiro, nos teus olhos gratos, saciados e felizes.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.