A Sucrière está a abarrotar. Sento-me na esplanada que dá para a laguna e espero que passe. Por uma razão qualquer não há serviço de mesa, nem aos domingos.
Se a bicha não diminuir vou-me embora, escritos os disparates do dia. Tenho um dia cheio, entre passeio de dinghy pela laguna, compras no lado francês e preparação dos hambúrgueres perfeitos (enfim, uma etapa, mais uma num caminho sem fim).
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Estes eram os planos. Acabo de saber que o embarque em Atenas é daqui a duas semanas.
Há coisas que vão mudar.
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Jantar com R. e D. Bom, como sempre (trouxeram-no do S., o que é uma garantia de qualidade).
Depois de jantar converso com D. sobre o novo presidente argentino (a rapariga é brasileira mas vive na Argentina há oito anos). Pensei que depois da horrível Kirchner tudo seria bem vindo, mas não é.
Apercebo-me sobretudo de que não tenho informação suficiente. Falta-me a leitura regular do Economist, do WSJ, do FT, do Monde.
O mar é um mundo mas não é o mundo.
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Daqui a três semanas estou a navegar outra vez. É nestes momentos que queria saber cantar.
Não sei e entro esfuziante na pastelaria ao lado da Sucrière. Não tem nem a vista nem a qualidade da outra mas tudo o que quero é um croissant e um café.
A empregada - uma francesa bonita e mal-encarada - pergunta-me o que quero.
- Um sorriso, por favor.
O rosto fecha-se-lhe como se lhe tivesse pedido uma felação terna e carinhosa.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.