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O caos é um sistema hipersensível que não se pode reproduzir porque a mais pequena variação leva a resultados completamente diferentes; um sistema cuja sequência de causalidades é inidentificável: não se pode deduzir onde começou e como chegou olhando para o que é.
Até breve pode assim transformar-se em até mais breve, por exemplo, sem que seja possível deduzir de onde vem o mais.
(Mais é um erro, uma errância, um desvio, uma vagabundagem caótica por terrenos inexplorados).
(Mais é um medo, uma dúvida, uma pergunta sem resposta breve).
(Mais é um x que se revoltou).
(Mais é a luta de um texto entre parênteses pela liberdade).
(Mais uma tentativa para pôr ordem no caos).
(Mais é uma das suas palavras favoritas).
Mais rum mais sono mais tempo mais amor mais caos mais dúvidas mais medo mais curvas mais perguntas mais mar.
Mar é a resposta fácil a todas as perguntas. Mais mar. Mais vento. Mais.
Caos. Amor é metade do caos? Têm cinquenta por cento das letras em comum.
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Poder-se-ia talvez dizer que um mar sem vento é uma vida sem amor. Ambos porém os termos da equação soam falso.
Não se pode por exemplo dizer de um mar sem amor que é um dia sem vento. Uma analogia só o é se for simétrica. O caos não é simétrico. Mais é.
Mais distância, mais tempo. Menos caos.
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Nada. O caos não funciona autonomamente; tende para a ordem se não receber energia do exterior.
Talvez o amor seja uma das formas da entropia cuja função é introduzir ordem no caos. Ou a luta entre o caos e a entropia.
Talvez o caos seja uma mistura disto tudo: amor, mar, vento, desejo, distância, até mais breve.
Talvez o amor seja breve ou longo, caótico ou ordenado; entropia negativa: neguentropia. Talvez.
a) Ordenar por ordem alfabética:
- Amor
- Até
- Breve
- Caos
- Distância
- Mais
- Mar
- Tempo
- Vento
b) Misturar e agitar num copo de dados ou num shaker.
c) Procurar um recipiente suficientemente grande para receber o resultado.
Faltam bastantes ingredientes.
Num processo caótico a introdução aleatória de um elemento pode alterar profundamente o resultado e torná-lo irreconhecível.
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Alguns sistemas ordenam-se internamente numa lógica curvilínea, multi-axial que por vezes assume a forma transitória do sinal mais: rectilínea, perpendicular, bi-axial, simétrica. Acontece. Raramente. Acontece.
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É preciso segmentar a vida em subsistemas:
- Amor,
- Mar (por vezes e erradamente associado ao vento),
- Tempo (frequentemente coincide com distância).
Como definir um tempo sem vida / vida sem tempo / amor sem vida tempo?
Talvez o tempo seja a vida. Mais tempo mais vida.
Como explicar então que mais breve é mais vida?
Uma vida não tem sinónimos. Tem antónimos; extremos; caos.
Hesitante. Caos hesitante.
Chegámos.
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Voltemos atrás.
A complexidade de um sistema mede-se pela entropia que gera?
Somos leves e livres. Por onde passámos?
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O horizonte é uma fraude que se move com o observador. Não há caos no horizonte. É linear e explicável. Intocável.
Viajar não é procurar o horizonte; é fugir dele.
Trace-se por exemplo um rumo (setenta e cinco por cento de amor) numa carta. É preciso ter um plano se se quiser não o seguir. Não há caos num rumo mas a viagem é caótica. Um rumo, ou seja um conjunto de direcções. Quase um amor.
Um amor: quase um tempo. Mais amor: mais tempo mais breve. Mais hesitante. Mais vida.
Menos caos.
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Estabilidade é um caos hesitante. Uma das formas do medo. Um rumo numa carta: é para ali que vamos mas não sabemos como ou quando chegaremos.
É preciso ver no medo a aventura. A aventura da estabilidade, por exemplo. O desafio. Um desafio hesitante.
Invisível.
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