Deixa cair palavras ao acaso como se não houvesse gravidade, como se não houvesse tempo. Sal, afecto, maçã, casa. Por exemplo. Deixa-as escorrer-te sobre a pele como mel de que não gostas por doce mas comes quando precisas de doce. Cabelos. Luz. Pele. Ouves a ambulância? É noite, adoeceu uma palavra. Vem buscar-te. Dorme. Deixa cair as palavras. O acaso tratará delas. É de noite que as palavras adoecem e doem. Pensa em sal. Pensa em sol, como um músico. Pensa em Sul.
Não penses. Deixa-as escorrer-te por dentro da pele. Não as libertes, não as deixes fugir, não as cures. Deixa-as respirar como se fossem livres. Como se soubessem dançar.
Pega numa carta do mundo, a que nas escolas chamavas mapa-múndi. Escolhe uma palavra que caiba nela, que a cubra, que lhe "fique bem". Uma só. Que palavra escolherias?
( Entre parênteses. Livre como um café escaldante a meio da noite. Um sorriso livre escaldante a meio da noite como um café. Como se fossem livres).
Deixa-as doer. Amanhã passam.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.