No curto prazo o mal ganha; no longo perde. Hoje fui corrido como se fosse um cão tinhoso. O manipulador profissional ganhou.
Tenho cinco pesos mexicanos e cinquenta cêntimos no bolso: é pouco, mesmo para os meus frugais padrões. Cerca de trinta cêntimos de euro. Daqui a umas semanas saberei quem deve quanto a quem. É possível mas pouco provável que ainda tenha alguma coisa a receber. ¡Qué vaya! O dinheiro nunca me fez correr nem chorar nem rir. Não é agora que vai começar.
Felizmente a minha Penélope amada estava acordada e reservou-me uma casa onde dormir. Amanhã tratarei do resto. Hoje, apesar de tudo, sinto-me feliz e livre. Leve, sem ironia nem segundo sentido. Contratualmente C. pode fazer isto. Não discuti muito tempo: tenho-o na conta de homem decente. Porém a decência não protege do erro; minimiza-lhe as consequências, quando muito. Neste caso não. Dar ouvidos àquele ser abjecto é um erro grave.
Mais para ele do que para mim. Vou dormir, ler, escrever e pensar. É um bom programa. Amanhã A., ex-tripulante de outras aventuras (também desgraçada, para ele) vem ver-me. Vive no México e por coincidência está no Cabo. Estou em San José, mesmo ao lado.
Cansado, claro. Livre. O pesadelo acabou. Volto à terra, à convivência com pessoas normais, à vida.
É bom.
Um dia a minha vida será aquele largo rio tranquilo ao qual há tantos anos aspiro. Será igualmente bom: viva a vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.