8.6.16

A puta generosa

Lisboa é puta; cara, daquelas de que hoje me falava F. C.: "os putos não sabem sequer o que uma puta é. Pensam que todas têm barbas até ao joelho". Ou que é barata porque olham para os preços que vêem e não para os que na realidade pagam, porque não percebem nada de putas. Lisboa é puta fina, daquelas que nos ensinam como é a vida e nos ensinam - ou ensinavam - a ser homenzinhos primeiro e homens depois, logo a seguir, sem tardar muito. (É por isso que os putos hoje são putos até tão tarde: não percebem nada de putas. Mas isso são contas de outro rosário).

Lisboa é puta fina. Ensina-nos o que é a vida até morrermos de exaustão. Pagamos-lhe caro, apesar de ela fingir que é barata. Sei do que falo: tenho cinquenta e oito anos, vivi em todo o lado e ainda hoje aprendo mais em Lisboa num dia do que em trinta noutro sítio qualquer.

Não me compete, claro, explicar tudo o que cada dia aprendo em Lisboa: não sou professor, sou aluno. Saí vós outros e aprendei também. Não perdereis nada: nem tempo nem dinheiro, quer os tenhais quer não. Porque Lisboa é puta fina, cara - e generosa (por isso parece barata) -.

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