Não é bem uma cascata, mais uma queda de água violenta, alta que cai em mim. Por vezes a água sobe em vez de cair. Ou pára imobilizada no ar, congelada, em silêncio. É uma queda, mais do que de água uma queda de mim em mim para mim, invisível de fora, sem fim, sem princípio, sem meio. Cortina de água que limpa tudo à passagem, arrasta toros, cadáveres, abutres, nuvens carregadas de porcaria. Água. Separar as águas. Deixar à miséria o que à miséria pertence. Não tomar banho nesse rio. Deixar cair, deixar ir. Largar de mão. Dar volta à manobra.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.