16.2.17

Diário de Bordos - Genève, Suíça, 16-02-2017 (mais uma receita de frango com tahine e gengibre e uma crise de pieguice saloia)

Telejornal num canal francês (público, caso interesse).

Antes disso: ouvir Hollande falar de "exemplaridade" (exemplarité, no original) referindo-se a Fillon vai ficar-me na memória para todo o sempre, espero.

Mas depois pergunto-me porque raio de carga de água estes estúpidos destes franceses, idiotas, fazem telejornais que abrem com notícias importantes e não com futebol, falam sucintamente de um tema e e ilustram-no correcta e brevemente com imagens, falam de temas importantes como um pedido proteccionista de três países europeus à Comissão Europeia (a Alemanha, a França e a Itália), fazem reportagens boas, sucintas, informativas sobre a castanha de caju ou a estação de ski mais barata da Europa (chama-se Basko e fica na Bulgária, caso haja interessados).

Cereja no bolo: ontem Macron disse une connerie sobre a colonização francesa (chamou-lhe "crime contra a humanidade"). Hoje isto é tema, claro. Mas o mais bonito é que o debate se alarga a "que tipo de história devemos ensinar nas nossas escolas? Uma história realista, ou uma história que nos valorize?"

Não é uma questão de civilização, estúpido. É cultura. É respeito. É savoir-faire. É um monte de coisas que por qualquer razão estão ausentes das televisões nacionais.

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A dor de cotovelo acentua-se de tal maneira que hoje fui a duas farmácias. Duas. A continuar assim acabo no médico.

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Se alguém um dia por acaso misturar tahine com gengibre ralado, regar bem regado com sumo de dois limões, juntar algumas especiarias como pimento fumado em pó (chegado em primeira mão do Chile, país que já há muito sabia: tenho de visitar), curcuma, sal e pimenta, cominhos e uma ou outra coisa que por acaso (sempre ele) tenha à mão de semear, marinar frango cortado em pedaços pequenos com essa mistura no frigorífico uma noite e no dia seguinte a puser tal e qual no forno a lume baixo; se essa pessoa esperar até o frango estar cozido (neste caso cerca de duas horas), cozer um bocadinho de arroz e no fim misturar tudo e comer, essa pessoa vai ter uma agradável sensação de prazer e surpresa. Isto foi acompanhado por uma cerveja demasiado doce, mas não é difícil encontrar um branco seco casadoiro que realce e complemente a dita sensação de prazer e surpresa.

Essa mesma pessoa perguntar-se-á se uns coentros picados não teriam feito bem à surpresa (a pergunta é retórica).

A pessoa que por acaso escreve isto escreve-o ao som de uma aguardente caseira de damassons (não perguntem - ameixas?) e por acaso pergunta-se "porra?" (A dita aguardente também é conhecida por Damassine, caso interesse. É uma das melhores aguardentes de frutos que conheço, mesmo quando não é caseira e boa como a que agora por acaso bebe).

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"Quem não tem cabeça tem as pernas", diz um provérbio francês. Se fosse genebrino diria "Quem não tem cabeça tem os TPG". São tão estúpidos, estes suíços. Devem ser nazis, para ter transportes públicos que funcionam tão bem (e são mais baratos do que os lisboetas, em PPP).

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Por falar em estúpidos: tenho esquecido as votações deste domingo. Ficam para outro dia.

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S. tem qualquer coisa de especial a celebrar. Escolheu um restaurante português que, diz-me, "é bastante bom". Querida, podia ser o pior restaurante do mundo. Que tenhas escolhido um restaurante português chega e sobra. 

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