É então algo assim: a noite espalha-se como se fosse um ringue de patinagem no gelo e tu deslizas por ela como os patinadores que ontem viste, com a graça imaterial de quem finta a gravidade.
A noite espalha-se à tua frente e tu deslizas por ela com a graça leve, translúcida daqueles a quem o amor espera numa esquina da noite. Uma esquina, noite, graça: amor. Uma esquina, graça, noite, amor. Quanto tempo falta?
Deslizas por esse grande quadrado gelado numa noite de graça. Leveza. Patins fendem o gelo, não o ferem. As cicatrizes contam a história bonita de duas graças que se encontraram à noite numa esquina geladas e leves e se amaram muito tempo e se separaram como se encontraram: uma finta à gravidade.
Um movimento circular da mão que seguia o olhar que seguia os movimentos no gelo que seguiam a noite. Foi numa noite assim que os movimentos se encontraram: um grande espaço plano e gelado no qual os olhares eram leves como duas peles que se encontram pela primeira vez e não sabem ainda bem que direcção vai a noite indicar-lhes. As peles os olhares as mãos os lábios encontram-se assim pela primeira vez numa noite, numa esquina, num deslizar vertiginoso, há muito esperado.
É mais ou menos assim: duas peles num movimento concêntrico, sem paragens, sem interrupções, sem solavancos. Ou seja: com a graça da inevitabilidade. Com a graça da gravidade vencida. Rendida. Com a graça da noite que se sabe primeira e desconhece a última.
Um grande plano gelado e liso no qual deslizam dois olhares como dois tigres: são ambos caçadores, são ambos presas, são ambos imateriais. Círculos concêntricos. Olhos nos olhos. O que cair primeiro ganha.
Duas peles. Duas mãos que se encontram e deslizam sem solavancos e procuram o fim e não o encontram.
As peles cobrem o abismo. É para ele que te levam os olhares. Quem ceder primeiro ganha. Cai. Vertiginosamente. Cede. Incêndio. Não deixes derreter o gelo. É por ele que deslizas com a graça frágil do olhar que te queima.
Quem se queimar primeiro vive.
A noite espalha-se à tua frente e tu deslizas por ela com a graça leve, translúcida daqueles a quem o amor espera numa esquina da noite. Uma esquina, noite, graça: amor. Uma esquina, graça, noite, amor. Quanto tempo falta?
Deslizas por esse grande quadrado gelado numa noite de graça. Leveza. Patins fendem o gelo, não o ferem. As cicatrizes contam a história bonita de duas graças que se encontraram à noite numa esquina geladas e leves e se amaram muito tempo e se separaram como se encontraram: uma finta à gravidade.
Um movimento circular da mão que seguia o olhar que seguia os movimentos no gelo que seguiam a noite. Foi numa noite assim que os movimentos se encontraram: um grande espaço plano e gelado no qual os olhares eram leves como duas peles que se encontram pela primeira vez e não sabem ainda bem que direcção vai a noite indicar-lhes. As peles os olhares as mãos os lábios encontram-se assim pela primeira vez numa noite, numa esquina, num deslizar vertiginoso, há muito esperado.
É mais ou menos assim: duas peles num movimento concêntrico, sem paragens, sem interrupções, sem solavancos. Ou seja: com a graça da inevitabilidade. Com a graça da gravidade vencida. Rendida. Com a graça da noite que se sabe primeira e desconhece a última.
Um grande plano gelado e liso no qual deslizam dois olhares como dois tigres: são ambos caçadores, são ambos presas, são ambos imateriais. Círculos concêntricos. Olhos nos olhos. O que cair primeiro ganha.
Duas peles. Duas mãos que se encontram e deslizam sem solavancos e procuram o fim e não o encontram.
As peles cobrem o abismo. É para ele que te levam os olhares. Quem ceder primeiro ganha. Cai. Vertiginosamente. Cede. Incêndio. Não deixes derreter o gelo. É por ele que deslizas com a graça frágil do olhar que te queima.
Quem se queimar primeiro vive.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.