15.3.17

Produtividade, desespero

A conversa era sobre a sesta; ou, melhor dizendo, a problemática da sesta. Coisa complicada e que não se resolve de um dia para o outro. Os intervenientes Milan Kundera e Marguerite Yourcenar. A Insustentável Leveza do Ser e o Livro do Riso e do Esquecimento contra a Obra ao Negro e as Memórias.

Marguerite ganha por dentro o que Milan descreve por fora. Quem perde é a sesta: em breve será noite. Ou seja,  demasiado tarde para um sono post-prandial e cedo para um pré-prandial.

O aspirante a sestador (assustador neologismo) sabe que vai ter de se levantar como Adriano sabia que ia morrer e Tomás que o destino tem muita força, sobretudo quando somos nós que o escolhemos.

A sesta vai ter de esperar. Um chorrilho de palavras substituí-la-á: dissolve-se em verbos e substantivos. Já em adjectivos é mais complicado.

Saber esperar é mais fácil do que saber desesperar, mas menos produtivo.

(Para a R., com gratidão).

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