O telefone e o computador estão a carregar as baterias. Vim sentar-me cá fora, neste fim de tarde agora sereno. Pode ser que ainda saiba escrever à mão. (Demagogia. O problema nunca foi escrever à mão, é reler o que escrevi).
Sou cada vez mais sensível ao desgaste psicológico. Ignoro se neste contexto "sensível" é sinónimo de maricas, velho ou prosaicamente sensato. Mas é o que sou. Estou cansado; não só fisicamente. Exausto.
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O Bodegón Antoñito fca na zona calma e afastada do centro de uma rua pedonal. A rua é estreita e a esplanada - com o dobro da área do café - tem muitas mesas, todas elas de madeira. Daqui resulta que neste bocadinho de rua a luz adquire tons acastanhados, calmos, quase - mas não totalmente - mortiços. É o fim de um dia ventoso, mas sem o barulho, o movimento, sem luz, sem cheiros não se sabe se o vento caiu ou se simplesmente escolheu paragens mais animadas.
O movimento cada vez mais se confunde no meu espírito com agitação, confusão e fujo.
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Quando voltar para bordo espera-me o trabalhão de dobrar a roupa toda que lavei ontem em Cádiz e fazer o beliche (que na realidade é uma cama de casal, enorme e vazia). Prolongo portanto o meu diálogo com o destino, ajudado sem dúvida pelo vinho Sherry, pela cerveja e em breve, se Deus quiser, por uma taça de vinho tinto {não foi. Foi pelo rum].
Não é que seja a favor de misturas. Não sou. Isto é simplesmente sintoma da variedade de temas que tenho a discutir com o gajo que faz as coisas serem como são, em vez de como eu gostaria que fossem.
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Tudo se passa devagar. Dei um euro a um pedinte. Encomendei uma segunda caña. Acabei os camarões al pili-pili (se aquilo tem piri-piri eu tenho uma fortuna em diversos bancos). Está frio. O computador e o telefone carregam. O dia acaba. A fatiga fica. A luz esvai-se e muda de cor. Eu dialogo.
Tudo isto devagar, como aqueles actores de teatro que não sabem se hão-de continuar a agradecer os aplausos ou ir-se embora "com graça e majestade".
Opto pela "graça e majestade".
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Quando a cerveja [agora rum] acabar volto para bordo. O beliche sem lençóis e a roupa por dobrar. Aceitam-se apostas.
Sou cada vez mais sensível ao desgaste psicológico. Ignoro se neste contexto "sensível" é sinónimo de maricas, velho ou prosaicamente sensato. Mas é o que sou. Estou cansado; não só fisicamente. Exausto.
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O Bodegón Antoñito fca na zona calma e afastada do centro de uma rua pedonal. A rua é estreita e a esplanada - com o dobro da área do café - tem muitas mesas, todas elas de madeira. Daqui resulta que neste bocadinho de rua a luz adquire tons acastanhados, calmos, quase - mas não totalmente - mortiços. É o fim de um dia ventoso, mas sem o barulho, o movimento, sem luz, sem cheiros não se sabe se o vento caiu ou se simplesmente escolheu paragens mais animadas.
O movimento cada vez mais se confunde no meu espírito com agitação, confusão e fujo.
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Quando voltar para bordo espera-me o trabalhão de dobrar a roupa toda que lavei ontem em Cádiz e fazer o beliche (que na realidade é uma cama de casal, enorme e vazia). Prolongo portanto o meu diálogo com o destino, ajudado sem dúvida pelo vinho Sherry, pela cerveja e em breve, se Deus quiser, por uma taça de vinho tinto {não foi. Foi pelo rum].
Não é que seja a favor de misturas. Não sou. Isto é simplesmente sintoma da variedade de temas que tenho a discutir com o gajo que faz as coisas serem como são, em vez de como eu gostaria que fossem.
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Tudo se passa devagar. Dei um euro a um pedinte. Encomendei uma segunda caña. Acabei os camarões al pili-pili (se aquilo tem piri-piri eu tenho uma fortuna em diversos bancos). Está frio. O computador e o telefone carregam. O dia acaba. A fatiga fica. A luz esvai-se e muda de cor. Eu dialogo.
Tudo isto devagar, como aqueles actores de teatro que não sabem se hão-de continuar a agradecer os aplausos ou ir-se embora "com graça e majestade".
Opto pela "graça e majestade".
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Quando a cerveja [agora rum] acabar volto para bordo. O beliche sem lençóis e a roupa por dobrar. Aceitam-se apostas.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.