27.5.17

Diário de Bordos - Cartagena, Múrcia, Espanha, 27-05-2017 / II

O café Taona é o meu sítio favorito em Cartagena. Há outro, numa das ruas perpendiculares a esta, que em breve irei procurar. Não recordo o nome: não gosto de sobrecarregar a memória com pormenores inúteis e como de qualquer forma aparentemente todos os anos estou em Cartagena basta lembra-me de onde é.

Gosto de Cartagena, claro. É impossível não gostar: uma cidade com boas maneiras, queira lá isto dizer o que quiser. Basicamente é isso: uma cidade com boas maneiras, calma, cheia de história - é decerto daí que lhe vem a gentileza - mais crescida do que Cádiz, menos racista do que Barcelona, lugar de bom gosto e boa educação. Há muitos anos a tripulação de um submarino inglês deu cabo da cidade, história de vinganças geladas. Foi a minha primeira vez cá, mas pouco me lembro dessa escala. As minhas memórias daqui são mais recentes. Já a atravessei a correr e já aqui me perdi; mas nunca desesperei, ao contrário de tantos outros portos.

(As boas maneiras podem ser enjoativas, peçonhentas ou simplesmente aborrecidas. Não é o caso de Cartagena).

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Não é a incompetência que suporto mal. É não se saber incompetente. Talvez seja por isso que suporto (relativamente) a arrogância que se sabe arrogante e justificada.

A distinguir do narcisismo, incompreensível (mas isto é coisa de homem feio).

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A viagem para Atenas eterniza-se. Há uma espécie de sinergia positiva entre o tempo (contrário) e as avarias (muitas). Excitam-se um ao outro. Das avarias trata o armador: "já gastei mais do que posso gastar"; do tempo trato eu: "o que não tem remédio remediado está".

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E é isto. Vou procurar o outro sítio de que gosto: o Taona está deserto, com uma breve excepção.

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