O parque animal da casa é constituído por dois cães, um gato, dois periquitos e por mim, que sou uma espécie de irmão mais velho e distante (excepto dos periquitos, com quem interajo pouco). Para quem não gosta muito de animais de companhia (basto-me a mim próprio nas duas vertentes) não está mal.
Levo os cães a passear de manhã e deixo a gata deitar-se na minha barriga quando estou no sofá. É muito jovem e mal a sinto, excepto quando morde, o que não acontece sempre. Isto é: acontece cada vez menos. As gatas também aprendem que há uma relação entre uma mordidela e aquilo que para ela deve ser um tremor de terra de grau vinte na escala Richter dos gatos.
De resto a vida em Évora vai bem. Ainda não deixei de estar doente desde que cheguei, coisa que primeiro se deveu à expulsão do veneno que trouxe da última embarcação onde trabalhei - uma ruína flutuante e fraudulenta que de positivo só tinha a beleza - e depois a outras causas mais prosaicas e por conseguinte menos interessantes.
Agora estou constipado. Íssimo, para ser mais preciso. É uma contradição estar constipado num sítio que só não é deserto por não ter areia nem camelos - pelo menos ainda não os vi. Até agora as pessoas que tenho conhecido são adoráveis (admitidamente fazem partem do ecossistema da minha bonita namorada. De estranhar seriam não o serem) -.
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Encontrei um local para os projectos da Ler por Aí. Já não era sem tempo. Daqui a mês e meio teremos o primeiro jantar da Peregrinação, em francês. Ler por Aí, ler aqui, ler em Évora. Fernon, tu ments? Mintô.
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Amanhã aquilo a que se poderia chamar "agregado familiar" (jardim zoológico incluído) vai para Vila Real. Fica em Trás-os-Montes, para quem não sabe. É uma cidade feia mas hospitaleira - pelo menos o ecossistema da jovem senhora que me faz conhecer estes sítios todos recebeu-me maravilhosamente.
Ontem foi a vez de conhecer Alcácer do Sal, onde pela primeira vez fiquei mais do que o tempo de um café e um olhar para o rio Sado.
Aconselho vivamente o restaurante O Ninho, nas margens do dito e perto da ponte pedonal. Tanto as migas com coentros como o arroz de lingueirão são soberbos.
Sugiro também que se percam pelas ruazinhas das traseiras: Alcácer é muito mais do que aquela sublime e onírica vista da ponte.
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E fui à praia. É tão raro que merece nota. Como estávamos com os cães entrámos por um lugar chamado Brejos de Carregueiro. Andámos um quilómetro pelos arrozais e dez pelas dunas até chegarmos ao mar. Ao todo dois quilómetros e meio que se fazem num instante porque o trajecto é bonito e a praia quase deserta.
Ou seja: apaixonei-me por uma senhora bonita e como prémio conheço Portugal. A próxima vez que disser a alguém que não tenho sorte pode citar-me este parágrafo.
Levo os cães a passear de manhã e deixo a gata deitar-se na minha barriga quando estou no sofá. É muito jovem e mal a sinto, excepto quando morde, o que não acontece sempre. Isto é: acontece cada vez menos. As gatas também aprendem que há uma relação entre uma mordidela e aquilo que para ela deve ser um tremor de terra de grau vinte na escala Richter dos gatos.
De resto a vida em Évora vai bem. Ainda não deixei de estar doente desde que cheguei, coisa que primeiro se deveu à expulsão do veneno que trouxe da última embarcação onde trabalhei - uma ruína flutuante e fraudulenta que de positivo só tinha a beleza - e depois a outras causas mais prosaicas e por conseguinte menos interessantes.
Agora estou constipado. Íssimo, para ser mais preciso. É uma contradição estar constipado num sítio que só não é deserto por não ter areia nem camelos - pelo menos ainda não os vi. Até agora as pessoas que tenho conhecido são adoráveis (admitidamente fazem partem do ecossistema da minha bonita namorada. De estranhar seriam não o serem) -.
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Encontrei um local para os projectos da Ler por Aí. Já não era sem tempo. Daqui a mês e meio teremos o primeiro jantar da Peregrinação, em francês. Ler por Aí, ler aqui, ler em Évora. Fernon, tu ments? Mintô.
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Amanhã aquilo a que se poderia chamar "agregado familiar" (jardim zoológico incluído) vai para Vila Real. Fica em Trás-os-Montes, para quem não sabe. É uma cidade feia mas hospitaleira - pelo menos o ecossistema da jovem senhora que me faz conhecer estes sítios todos recebeu-me maravilhosamente.
Ontem foi a vez de conhecer Alcácer do Sal, onde pela primeira vez fiquei mais do que o tempo de um café e um olhar para o rio Sado.
Aconselho vivamente o restaurante O Ninho, nas margens do dito e perto da ponte pedonal. Tanto as migas com coentros como o arroz de lingueirão são soberbos.
Sugiro também que se percam pelas ruazinhas das traseiras: Alcácer é muito mais do que aquela sublime e onírica vista da ponte.
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E fui à praia. É tão raro que merece nota. Como estávamos com os cães entrámos por um lugar chamado Brejos de Carregueiro. Andámos um quilómetro pelos arrozais e dez pelas dunas até chegarmos ao mar. Ao todo dois quilómetros e meio que se fazem num instante porque o trajecto é bonito e a praia quase deserta.
Ou seja: apaixonei-me por uma senhora bonita e como prémio conheço Portugal. A próxima vez que disser a alguém que não tenho sorte pode citar-me este parágrafo.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.