7.11.17

Já o frio voltou

Já o frio voltou e com ele a vontade de te ter nas mãos. Aquecias-me todo, da ponta dos pés ao cerne da alma. Respirava-te os cabelos, o ar chegava-me filtrado por eles, por ti. Como a vida: parecia-me mais leve porque eras tu que levavas grande parte dela aos ombros, esses ombros com os quais agora sonho, sozinho e frio.

Sou frágil, sempre to disse. Não sei esconder-me: atrás de ti era mais eu, não menos. Como se esses ombros que tanto me faltam me tivessem sido amputados, cortados os cabelos, roubados os joelhos onde encaixava os meus.

Sem ti não passo de um monte de células às quais alguém tirou os núcleos e os substituiu por nada.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.