A mulher que um dia me pediu para não me esforçar muito porque não tinha orgasmos morreu. Soube-o há comparativamente pouco tempo (comparado ao longo tempo que leva o nosso encontro, a noite de não me esforçar muito - única que passámos juntos - e o tempo em que nunca mais a vi, que foi muito: vem desde esse dia até hoje, sendo que hoje já sei que ela morreu e até ao dia em que o soube não tinha pensado nela mais do que duas ou três vezes cada ano, talvez). Achei muito simpático da sua parte, muito atencioso: "não vale a pena esforçares-te muito, sou completamente frígida e não tenho orgasmos. Nunca tive".
Essa mulher não é a mesma que me pediu para não a amar, obviamente. Esta vive ainda, feliz (suponho, espero) e eu penso nela muitas vezes por dia apesar de raramente a ver, desde o dia em que pela última vez me disse "não me ames, por favor".
Devo dizer que obedeci a ambas: não me esforcei com uma e com a outra esforcei-me por não me apaixonar por ela, contrariamente ao que tudo em mim pedia. Quando digo tudo era tudo, desde a célula mais superficial da minha pele até ao mais obscuro e profundo neurónio.
Penso nisto hoje porque gostaria de lhes escrever uma carta a cada, a agradecer o cuidado que tiveram comigo. Uma, porém, morreu; a outra não sei onde vive. Enfim, talvez com um pouco de sorte eu conseguisse dar com a casa; mas a sorte, todos sabemos, precisa de um pequeno impulso inicial, um empurrão da vontade e não tenho a certeza de encontrar na minha vontade essa vontade, de tão pequena.
A verdade é que as amo, cada uma à sua maneira mas pela mesma razão: a honestidade. Ser-se o que se é e pagar-se o respectivo preço é a única qualidade respeitável numa pessoa, seja mulher ou homem. Uma morreu jovem. A pessoa que mo disse deu-me a entender que ela se tinha matado a si própria, mas não tenho a certeza. A outra não. Sei que ainda vive porque é uma actriz famosa. Às vezes alguém me fala dela pois não é segredo que estivemos envolvidos alguns meses, mais de um ano.
Sei que as amo porque quero escrever-lhes; e quero escrever-lhes a dizer-lhes: "não, não me esforçarei porque te amo e não quero fazer-te sofrer" a uma; e "sim, esforçar-me-ei por não te amar porque te amo e não quero sofrer" à outra.
Nunca nenhuma delas me lerá e nunca, claro, saberá que também eu minto.
Essa mulher não é a mesma que me pediu para não a amar, obviamente. Esta vive ainda, feliz (suponho, espero) e eu penso nela muitas vezes por dia apesar de raramente a ver, desde o dia em que pela última vez me disse "não me ames, por favor".
Devo dizer que obedeci a ambas: não me esforcei com uma e com a outra esforcei-me por não me apaixonar por ela, contrariamente ao que tudo em mim pedia. Quando digo tudo era tudo, desde a célula mais superficial da minha pele até ao mais obscuro e profundo neurónio.
Penso nisto hoje porque gostaria de lhes escrever uma carta a cada, a agradecer o cuidado que tiveram comigo. Uma, porém, morreu; a outra não sei onde vive. Enfim, talvez com um pouco de sorte eu conseguisse dar com a casa; mas a sorte, todos sabemos, precisa de um pequeno impulso inicial, um empurrão da vontade e não tenho a certeza de encontrar na minha vontade essa vontade, de tão pequena.
A verdade é que as amo, cada uma à sua maneira mas pela mesma razão: a honestidade. Ser-se o que se é e pagar-se o respectivo preço é a única qualidade respeitável numa pessoa, seja mulher ou homem. Uma morreu jovem. A pessoa que mo disse deu-me a entender que ela se tinha matado a si própria, mas não tenho a certeza. A outra não. Sei que ainda vive porque é uma actriz famosa. Às vezes alguém me fala dela pois não é segredo que estivemos envolvidos alguns meses, mais de um ano.
Sei que as amo porque quero escrever-lhes; e quero escrever-lhes a dizer-lhes: "não, não me esforçarei porque te amo e não quero fazer-te sofrer" a uma; e "sim, esforçar-me-ei por não te amar porque te amo e não quero sofrer" à outra.
Nunca nenhuma delas me lerá e nunca, claro, saberá que também eu minto.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.