7.1.18

Tangerinas

Podia falar de tangerinas se quisesse; da porra da dor no cotovelo que regressou assim que parei os comprimidos; do frio; da miúda que me deixou, da que eu deixei, deste estranho pas de deux (nos dois sentidos: não somos dois e passos a dois) da vida; da lenta degradação do corpo (não sei se lenta é o termo adequado); dos livros todos que tenho para ler, dos que já li ou estou a ler; dos planos para o futuro e da dúvida fundamental: há futuro? Podia falar disso tudo.

Lembro-me da imagem favorita da minha adolescência, a de bolas numa mesa de bilhar da qual não sabemos quem tem os tacos. Tangentes, secantes, carambolas. Essa analogia regressa, também.

Prefiro tangerinas.

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