Chamava-se Claude, ou Claire, não me lembro. Era uma mulher alta, loira, magra, bonita e para mim incompreensivelmente triste.
Tinha acabado de chegar de Gibraltar, encontrámo-nos num dos bares da marina e um pouco de chofre perguntou-me se me importava que fosse dormir a bordo do barco onde eu estava. Tinha-se zangado com o namorado, etc. A história é conhecida. Depois dizem-te que por favor não lhes faças nada, não lhes toques, é mesmo só para dormir, tu percebes, percebes?, e tu percebes, claro: se fosse para foder não precisaria de te pedir, bastar-lhe-ia pôr a mão na coxa enquanto fala contigo e daí passá-la pelo cabelo, há por ali um código qualquer que até um cego como eu percebe, mas quando te pedem para dormir já sabes que nessa noite vais ter népias, o melhor é carregares já no rum para ver se adormeces antes de os demónos te atazanarem e logo esta, tão bonita e tão frágil, agora percebes porque estava triste.
Disse-lhe que sim, tinha dois camarotes vagos e estava sozinho a bordo, o armador autorizava-me companhia "desde que seja bonita e não a tenhas apanhado na rua" (mas isto não lhe disse) de maneira fomos jantar ao Star System - é muito bom e barato e Claire ou Claude tinha insistido para ser ela a pagar -, quando chegámos a bordo ela despiu-se no salão e perguntou-me "Vamos tomar um duche? Os brasileiros dizem que é o melhor afrodisíaco mas eu acho que é o único" e foi aí, juro, que lhe olhei para as mamas a primeira vez e vi-as como se fossem as primeiras da vida toda, como se nunca tivesse visto uma mulher nua à minha frente.
Foi na casa de banho que fizemos amor, antes de o fazer no camarote, ainda todos molhados, na casa de banho sentados na retrete, tampo fechado, ela de costas para mim dizia-me "por favor não te venhas já" e repetia "por favor não..." e eu não me vinha, de qualquer forma já devem ter reparado: um gajo só se vem quando está farto do que está a fazer, até se fartar vai aguentando, isso de fazer durar para lhes dar gozo parece-me treta, não sei, não percebo nada, só sei que estava a gostar muito e não queria acabar por nada deste mundo e quando fomos para o camarote continuámos até ela me dizer "não aguento mais" e aí sim, vim-me e fomos dormir, ela no camarote de bombordo e eu no de estibordo, fico sempre a estibordo e a von Hildebrand lá ficou a cantar até me levantar para acabar com aquilo.
Quando acordei Claire ou Claude já lá não estava. Fui ao café, o Rui deu-me um bilhete dela a dizer-me "não te posso dar o que tu procuras" e eu não percebi nada, nunca percebo nada, seja como for.
Como é que ela sabe o que eu procuro?
Não procuro nada. Voltei para bordo, pus a Jeanne Lee e desatei a chorar, pela primeira vez em muito tempo.
Tinha acabado de chegar de Gibraltar, encontrámo-nos num dos bares da marina e um pouco de chofre perguntou-me se me importava que fosse dormir a bordo do barco onde eu estava. Tinha-se zangado com o namorado, etc. A história é conhecida. Depois dizem-te que por favor não lhes faças nada, não lhes toques, é mesmo só para dormir, tu percebes, percebes?, e tu percebes, claro: se fosse para foder não precisaria de te pedir, bastar-lhe-ia pôr a mão na coxa enquanto fala contigo e daí passá-la pelo cabelo, há por ali um código qualquer que até um cego como eu percebe, mas quando te pedem para dormir já sabes que nessa noite vais ter népias, o melhor é carregares já no rum para ver se adormeces antes de os demónos te atazanarem e logo esta, tão bonita e tão frágil, agora percebes porque estava triste.
Disse-lhe que sim, tinha dois camarotes vagos e estava sozinho a bordo, o armador autorizava-me companhia "desde que seja bonita e não a tenhas apanhado na rua" (mas isto não lhe disse) de maneira fomos jantar ao Star System - é muito bom e barato e Claire ou Claude tinha insistido para ser ela a pagar -, quando chegámos a bordo ela despiu-se no salão e perguntou-me "Vamos tomar um duche? Os brasileiros dizem que é o melhor afrodisíaco mas eu acho que é o único" e foi aí, juro, que lhe olhei para as mamas a primeira vez e vi-as como se fossem as primeiras da vida toda, como se nunca tivesse visto uma mulher nua à minha frente.
Foi na casa de banho que fizemos amor, antes de o fazer no camarote, ainda todos molhados, na casa de banho sentados na retrete, tampo fechado, ela de costas para mim dizia-me "por favor não te venhas já" e repetia "por favor não..." e eu não me vinha, de qualquer forma já devem ter reparado: um gajo só se vem quando está farto do que está a fazer, até se fartar vai aguentando, isso de fazer durar para lhes dar gozo parece-me treta, não sei, não percebo nada, só sei que estava a gostar muito e não queria acabar por nada deste mundo e quando fomos para o camarote continuámos até ela me dizer "não aguento mais" e aí sim, vim-me e fomos dormir, ela no camarote de bombordo e eu no de estibordo, fico sempre a estibordo e a von Hildebrand lá ficou a cantar até me levantar para acabar com aquilo.
Quando acordei Claire ou Claude já lá não estava. Fui ao café, o Rui deu-me um bilhete dela a dizer-me "não te posso dar o que tu procuras" e eu não percebi nada, nunca percebo nada, seja como for.
Como é que ela sabe o que eu procuro?
Não procuro nada. Voltei para bordo, pus a Jeanne Lee e desatei a chorar, pela primeira vez em muito tempo.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.