21.3.18

Diário de Bordos - Port d'Andratx, Mallorca, Baleares, Espanha, 21-03-2018

As boas notícias sucedem-se, umas atrás das outras como meninos de escola em fila para atravessar a rua, mãos dadas sob o olhar atento do professor.

Bem podiam era ter andado um bocadinho mais depressa, mas enfim. Agora que chegam ao outro lado da rua não vou chatear-me. Antes pelo contrário: recebo-as de braços abertos e venho festejá-las ao Tim's.

Erro fatal: foi deste bar que fugi no outro dia porque era um antro de hooligans de televisão. Hoje obrigou as minhas criancinhas a dar um passo atrás. É o pior Mai Tai da minha vida. Se alguma vez voltar a pôr aqui os pés seja porque razão for, por favor ciliciem-me com força, sem piedade, com avidez e ganância.

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Enfim, não passa de um pormenor insignificante. Que se lixe o Mai Tai. Um dia voltarei a Oakland e ao Trader Vic e voltarei a bebê-lo na casa mãe; no berço por assim dizer.

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Penso em alguém que espera alguém "de mãos ávidas e vazias". Vazias pode ter vários sentidos, claro. Uma declaração polissémica, que bonito.

Vazias porque não têm mais ninguém, claro. Vazias porque começam do zero, porque cada pele apaga as anteriores, vazias porque um dia aquela pele será a última.

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Hoje descobri que o P., um IOR Two Tonner de 1983 (encomendado, nunca é de mais lembrá-lo pelo Aga Khan para a Admiral's Cup) é em sandwich de Kevlar / carbono e foam (em português: espuma?). Vai durar para sempre. Tomar boa conta daquele bote é uma obrigação moral, já não tem nada que ver com o amor e essas tretas.

Por isso festejo (agora com um cava bem menos enjoativo do que a porcaria do Mai Tai, que ainda por cima é estupidamente caro). Tive uma visão à la Hildegarde e vi o barco como novo suspenso de uma grua a ser posto na água, brilhante e grato.

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