27.3.18

Diário de Bordos - Port d'Andratx, Mallorca, Baleares, Espanha, 27-03-2018

Está noite de Lua cheia. Refiro-me à minha Lua interior; a outra terá de esperar alguns dias. Foi um dia bom e cheio como a Lua e fui celebrar ao Rustico, onde nunca antes tinha entrado e provavelmente não voltarei a entrar. Foi o melhor jantar desde que aqui cheguei (um tártaro absolutamente sublime de justo) e o mais caro (meio dia de trabalho por um jantar é de mais, dêem-se-lhe as voltas que se lhe derem).

Mas lá que foi bom foi, muito. Acabei com um tiramisu doce de mais, um limoncello idem e duas grappas mais do que decentes para equilibrar.

Trabalhei muito nesse meio dia...

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Isto dito, o Rústico tem um tártaro notável. Diz-me o dono que a carne no espeto tão pouco é má, mas vai ter de esperar até à próxima Lua cheia para me ver. E não será daqui a vinte e oito dias.

(Um dos problemas desta mudança de marina é que agora estou perto dos bares todos).

Pelo menos fico a conhecê-los, vá lá.

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De quinta a segunda Mallorca vai parar, diz-me Pepe. Por causa da Páscoa. Detesto feriados, mas aos religiosos dedico um ódio mais afiado, mais preciso ainda do que aos políticos. Por que raio de carga de água tenho de celebrar a morte de um gajo em quem não acredito e uma ressurreição na qual ainda creio menos? Na história toda a única personagem que me é simpática é Madalena e essa não tem celebrações.

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Aviso aos navegantes que partilham o meu (obviamente bom e indiscutível) gosto: o bar Mitj & Mitj (?) é execrável. Como sou boa alma e generosa vou explorar o que lhe fica à frente, leal escuteiro que sou, desejoso de partilhar as minhas descobertas.

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Chama-se Romeo, foi onde no outro dia vim comer umas tapas assim assim. A jovem mulher começa por não falar espanhol, coisa abominável entre todas; depois pergunta-me se quero gelo no meu cava. Perante a minha expressão de horror diz-me "I'm just asking" assim mesmo em inglês no original, como se "só perguntar" a exonerasse das chicotadas e do fogo do inferno.

Quando penso que há imbecis que gastam fortunas para vir aqui passar férias caem-me duas dúzias de cabelos.

Pelo menos ao contrário do outro tem uma mesa onde pousar o computador, apesar de não ter luz para ver as teclas.

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Com a aproximação da Páscoa a cidade encheu-se de alemães (é a raça mais representada, se tanto é que são uma raça. De todas as pragas de turistas são a menos má, de longe).

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.