Começo a escrever sobre o dia enquanto oiço a Hildegarde e pergunto-me "mas que raio de interesse tem o teu dia?" "Nenhum, claro". O mesmo se passa com o rum: ontem comprei uma garrafa de Lamb's, de que não sou particularmente fã e hoje confirmo a) que tenho razão em não ser fã e b) e depois?
E depois? E depois? O que fica? As linhas do P. ficam, de certeza. Um ou dois ventres que amei para além do razoável também. Uma ou duas vidas que vivi sem querer mas depois quis. Borges, Yourcenar, Cem Anos de Solidão e outros de Gabo, Beckett todo, The Sea, The Sea de Iris Murdoch. A música da Hildegarde, a de Cohen.
E depois? Quem se interessa? A quem interessa aquilo de que gostas? Levamos nada daqui, excepto talvez uma memória ou duas, um seio numa mão um copo na outra, uma vaga à noite, uma Lua cheia de vez em quando, uns cabelos insubmissos por aqui um olhar rebelde por ali, os alísios pela popa quase a chegar, um dia de sonho no Mediterrâneo.
Hildegarde explica isso tudo muito bem.
........
O casco do P. está bem. É mais ou menos como se alguém me dissesse que tenho cancro e afinal nâo tenho (aconteceu, a comparação não é um efeito de linguagem).
Tem várias maleitas, mas o casco e a estrutura estão bem. Algém imagina o que é ouvir isso em primeira mão de um surveyor?
(O qual mais terde acrescentou "a tua armadora tem sorte em ter-te como skipper" mas disso não falo, não vá ainda começar a acreditar e já é tarde para acreditar nessas coisas, nem ditas por uma miúda gira, quanto mais por um surveyor).
Mas lá que faz bem faz e vai daí vim para casa tratar dos cabos, é coisa que repõe o ego onde ele deve estar.
.........
Ouvir Hildegarde von Bingen é como estar deitado numa cama feita de coisas sem matéria. Não sei bem o que é uma coisa sem matéria, mas basta ouvir a música da senhora para perceber. E ainda há quem pense que a Igreja Católica foi uma catástrofe. Para além da Inquisição - quem nem sequer foi assim tão má como dizem - dos pastores de Fátima e da confissão não lhe vejo nada de realmente trágico.
........
Em Peguera tenho uma casa. Que sensação tão estranha.
E depois? E depois? O que fica? As linhas do P. ficam, de certeza. Um ou dois ventres que amei para além do razoável também. Uma ou duas vidas que vivi sem querer mas depois quis. Borges, Yourcenar, Cem Anos de Solidão e outros de Gabo, Beckett todo, The Sea, The Sea de Iris Murdoch. A música da Hildegarde, a de Cohen.
E depois? Quem se interessa? A quem interessa aquilo de que gostas? Levamos nada daqui, excepto talvez uma memória ou duas, um seio numa mão um copo na outra, uma vaga à noite, uma Lua cheia de vez em quando, uns cabelos insubmissos por aqui um olhar rebelde por ali, os alísios pela popa quase a chegar, um dia de sonho no Mediterrâneo.
Hildegarde explica isso tudo muito bem.
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O casco do P. está bem. É mais ou menos como se alguém me dissesse que tenho cancro e afinal nâo tenho (aconteceu, a comparação não é um efeito de linguagem).
Tem várias maleitas, mas o casco e a estrutura estão bem. Algém imagina o que é ouvir isso em primeira mão de um surveyor?
(O qual mais terde acrescentou "a tua armadora tem sorte em ter-te como skipper" mas disso não falo, não vá ainda começar a acreditar e já é tarde para acreditar nessas coisas, nem ditas por uma miúda gira, quanto mais por um surveyor).
Mas lá que faz bem faz e vai daí vim para casa tratar dos cabos, é coisa que repõe o ego onde ele deve estar.
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Ouvir Hildegarde von Bingen é como estar deitado numa cama feita de coisas sem matéria. Não sei bem o que é uma coisa sem matéria, mas basta ouvir a música da senhora para perceber. E ainda há quem pense que a Igreja Católica foi uma catástrofe. Para além da Inquisição - quem nem sequer foi assim tão má como dizem - dos pastores de Fátima e da confissão não lhe vejo nada de realmente trágico.
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Em Peguera tenho uma casa. Que sensação tão estranha.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.