29.6.18

O milagre da transformação de líquido em vinho

Um dos milagres favoritos dos crentes (para além, claro, do melhor de todos: miúdas giras a aparecer no céu em Fátima a putos intoxicados com sopas de cavalo cansado, coisa que só por si levou ao milagre da multiplicação dos pães) é o da transformação de água em vinho - que vai de mãos dadas com o anterior, passem-me as diacronias -.

Eu faço quotidianamente um milagre muito mais difícil e nunca ninguém me crucificou por isso: transformo dinheiro em vinho. Todos os dias. Repare-se que o dinheiro é líquido mas só no nome, enquanto a água é líquida na forma. Ou seja: muito mais difícil e trabalhoso.

Isto dito, esta história de nunca ninguém me ter crucificado não é totalmente verdade - pelo menos se adoptarmos o nível de discurso do dinheiro líquido-que-não-é-líquido, isto é, o nível metafórico: já muita gente me chateaou a cabeça, porque pensa que mesmo os milagres devem ter um limite.

Eu penso que não. Estar vivo é um milagre quotidiano e devemos ir à missa celebrá-lo, por assim dizer. Se nessa missa outro milagre se produzir - hallelujah! -. Venham mais cinco, de uma assentada.

(Para o Miguel da Fonseca, com um um copo de crianza na mão e o resto dos versos na cabeça).

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