9.9.18

Ouvir, viver

O café Tati vai fechar. Há muitos anos estava lá sentado a uma mesa e disse a alguém: "esta é a minha segunda casa". A jovem senhora que entāo partilhava os seus dias comigo replicou um bocadinho azeda: "Qual é a primeira?"

Ouvi aqui momentos de música extraordinários, fiz um dos piores jantares da minha vida (ter vindo de Cascais de bicicleta com cinco sacos de compras talvez tenha contribuído), ainda ontem aqui almocei com a minha filha. É a minha segunda casa, o que para quem não tem primeira é muito.

"Que cidade queremos?", pergunta-me G., responsável pela música. Eu sei qual é a cidade que quero, mas não sei o que fazer para a ter. O mercado é mau, mas o Estado é pior. Entre a maldade e a incompetência venha o diabo e escolha.

"Que cidade queremos?" Eu quero uma cidade onde possa continuar a ouvir-te, G.

(Para o G. M., e para o R., claro. E para a S., que me fez visitar o espaço na véspera da abertura).

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.