12.11.18

Ansiedades crescentes

A hipótese de juntarmos as nossas ansiedades é atraente, claro. Há sempre a esperança de que elas tenham sinais contrários e se anulem, soma algébrica de ansiedades. Ao contrário por exemplo da tua beleza, que a minha fealdade faz mais bela ainda.

É pouco provável. As ansiedades tendem a acrescentar-se, propagam-se como sons debaixo de água, ninguém os vê ou ouve mas vão longe, não se perdem no caminho. Tu ficarias mais ansiosa e eu mais ansioso e a cada ciclo as ansiedades cresceriam, cada vez que déssemos as mãos ou nos beijássemos.

Pode, repara, fazer-se da vida uma luta contra as probabilidades, fazer dela aquilo que nós queremos que seja: duas liberdades que um dia se encontram e criam uma terceira, independente.

Pode fazer-se da vida o que se quer. Basta querer (e saber fazer operações algébricas).

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