11.3.19

Diário de Bordos - Lisboa, 11-03-2019

- Jantar em casa da A. I., acompanhado pela grande cadela negra;
- Povo, onde encontro M. e L., que me apresentam
- R., basicamente o fenómeno da noite. Parece que foi picada por aquele gás que transformou o puto de Krypton em super-homem, mas em quantidade insuficiente para fazer dela uma super-mulher. A dose só chegou para a fazer falar e impedi-la de ouvir. Não voa, não tem uma visão de raios-X e não fura paredes, mas no fim é tocante, tanta fragilidade (pelo menos o primeiro embate. A longo prazo deve ser mais esmagadora).
- R. estava com a mãe, uma senhora bonita, calma, adorável.
- Quase não ouvi o que se disse no Povo. A sessão começou com o pior poema de "Sophia" (aspas porque não leva apelido): aquela coisa abominável que ela escreveu sobre o 25 de Abril. "Sophia" tem muitos maus versos. Nem todos são como esta beleza:
"Ele porém dobrou o cabo e não achou a Índia
E o mar o devorou com o instinto de destino que há no mar".
Ou esta:
"Nus se banharam em grandes praias lisas
Outros se perderam no repentino azul dos temporais",
Mas hoje estava lá o M. e fomos para fora conversar;  cravei-lhe um favor, ao qual ele acedeu graciosa e elegantemente. A sessão começou com aquele horror e depois pronto. Não se fala mais nisso porque M. acedeu ao que lhe pedi.
- Fui ao Roterdão. Estava cheio. Ainda bem: não consigo dançar aquela música e de qualquer forma não sei dançar e menos ainda sei em salas cheias. Na verdade devem fazer qualquer coisa à música, porque não reconheci os Unknown Pleasures que passaram logo ao princípio. Estava cheio de efeitos, daqueles mais certo do que eu chamar-me Luís Serpa servem para fazer as pessoas dançar ou para destruir a música, o que vier primeiro.
- Depois do Povo e antes do Roterdão, longa conversa sobre cinema. É mais ou menos garantido que um dia terei uma televisão tamanho piscina e uma colecção infinita de DVD. A vontade de ver e rever filmes, essa já cá está, cada vez mais forte.
- Não sei por onde anda a cadela. Sinto-a perto mas não a vejo.

(Brut de décoffrage)

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