15.3.19

Dispersas de hoje, 15 de Março, em Lisboa

Ontem foi dia de limpar demónios. Afoguei-os numa piscina constituída por vinho tinto, medronho, limoncello e ponchas (em camadas sucessivas, não todas misturadas). Os filhos da mãe sabem nadar, claro, mas levaram um bom afago. Sinto-me o corpo um bocadinho moído, ofereceram resistência (oferecer é o verbo adequado. Não gosto de lutas em que o adversário se entrega. Melhor do que "oferecer resistência" só "vender cara a pele", que neste caso apenas parcialmente se aplica: o limoncello, por exemplo, foi oferta de uma senhora encantadora. Uma parte do tinto veio de um monte de senhores simpáticos e excelentes profissionais que encontrei numa feira de turismo actualmente a decorrer em Lisboa).

De modo tenho o corpo ligeiramente moído e com traços da áspera batalha de que ontem foi palco. Vá lá: a Coluer aguentou-se à bronca e não me pôs no chão, como às vezes acontece quando bebe muito e tem de parar num sinal, por exemplo. Mas entre o Number Two e o S. M. II só há um sinal e uma linha de comboio a atravessar e a burra estava de bom humor e portou-se bem. Sentia-me mais leve, sem aqueles diabos todos.

Agora está calor, um dia lindo e eu ando naquilo a que os ingleses chamam personal errands. É uma das expressões mais lindas que conheço, personal errands, apesar de lhe preferir la bourlingue. Je suis, tu es, il est un bourlingueur. Nous bourlingons. Veux-tu bourlinguer avec moi? J'ai bourlingué toute ma vie...

A minha bourlingue de boje é pequena: Saldanha, Massamá, talvez Cascais (esta será feita de bicicleta, se for feita), regresso a Lisboa (talvez de burra talvez de comboio, se for de Cascais. De Massamá nem em sonhos). Não é bem uma bourlingue, é mais personal errands.

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