28.3.19

Misturas

Juro: não bebi de mais. A intensa comoção que me faz chegar as lágrimas ao quase canto do olho não é de origem etílica. Nasce desta mistura de favas com entrecosto e leituras entre favas de excertos de um livro ainda fresco da compra na estação do Cais do Sodré: Mundos de Fronteira, de uma senhora chamada Ilse Pollack, numa edição da Cotovia e traduzido por João Barrento.

É obviamente um lugar-comum dizer que se João Barrento se dá ao trabalho de traduzir um livro ele é bom. Não vale portanto a pena falar do português límpido, claro, "escorreito" (entre aspas porque ontem usei este termo e usar a mesma palavra dois dias seguidos pede aviso) de que João Barrento se serviu para traduzir um original que se adivinha ser igualmente limpido. É contudo necessário sublinhar a feliz coincidência de estar a comer um prato eminentemente nacional enquanto leio pedaços de vida de escritores desse mundo errante que é e sempre foi a Europa do Leste.

Em vésperas de partida é uma mistura comovente, no mínimo. 

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.