11.5.19

Dispersas do dia - 11-05-2019, Palma

É sabado, está calor desde o fundo do ar até à medula dos ossos, o mercado começa a encher-se. A excitação no ar é tangível. As vendedoras estão mais bonitas do que o habitual: esta mistura de calidez e perspectiva de dinheiro a entrar estimula-lhes a produção de adrenalina e progesterona, uma combinação que transforma qualquer mulher em Miss Universo.

Por uma razão qualquer, a perspectiva de beber vinho não me atrai. Acompanho a carbonara com cerveja. Esta carbonara resiste a tudo. Enquanto me lembrar dela não conseguirei comer outra.

(Verdade seja dita: o meu estômago está ligeiramente perplexo. Mando-o dar uma volta ao bilhar grande e pergunto ao Luca onde encontrar um restaurante italiano que tenha pratos a sério. A cozinha italiana é a prova de que a civilização começou em Roma e esta merda destas pizze e pasta são uma praga - com a óbvia excepção das do Luca, mas isso é outro campeonato. Ele está muito à frente na conquista do título de melhor pastaio da galáxia e de qualquer maneira aquilo não é um restaurante. É um stand no mercado.)

O meu estômago está inseguro quanto à cerveja, suponho. Peço outra, não vá ele pensar que uma simples noite de copos lhe dá todos os direitos.

Às vezes penso na minha vida como um tricot, outras acho que ela se parece mais com um quebra-gelos a avançar através de uma camada de gelo no limite do que ele aguenta. O gelo faz barulho ao partir-se, reclama, luta. O quebra-gelos prossegue, nem impávido nem sereno.

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Acabo o almoço, a deambulação pelo mercado e venho deitar-me, decisão aprovada por quase todos os órgãos. Quase: os que não estão contentes que se amanhem.

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