21.5.19

Um sonho de Mértola

Hoje comi um bocado de plástico. Já não me lembro porquê: foi num sonho. Era um plástico muito macio e colorido, como aquele onde vinha o papel fotográfico antigamente, preto de um lado e colorido do outro. O sonho foi particularmente movimentado, andava para trás e para a frente com dois modelos, a J. M. V., e mais um tipo que era o manager ou RP dos modelos e se parecia com um amigo meu cujo nome agora me escapa. É belga e trabalha em publicidade. Andávamos os cinco num grande automóvel a visitar lugares da moda. A certa altura parámos para almoçar, num hotel muito chique que me lembrou o Polana. Um dos componentes do almoço vinha no tal plástico, que eu comi. Toda a gente ficou horrorizada, mas ninguém disse nada. Os modelos eram duas miúdas de vinte e poucos anos, nunca lhes vi a cara; depois do almoço foram desfilar. Acordei a tentar explicar a mim próprio porque tinha comido aquilo, mas não encontrei razão alguma. No pátio do hotel estava um carro que parecia um Porsche mas mais largo. Alguém do grupo comentou "olha que bom, o James Bond também aqui está. Vamos ter uma enchente". Ainda me lembro dos assentos do carro, espaçados. Assim que de repente me lembre é a primeira vez que como plástico num sonho e é o primeiro sonho de que lembro em Mértola, se não se incluir os sonhos acordados. Esses tenho-os com frequência. Não incluem comer plástico, nem levar modelos a almoçar a hotéis de luxo e muito menos carros com três lugares à frente, em cadeiras futuristas, daquelas que se viam nos filmes de ficção científica dos anos sessenta.

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O P. está a avançar muito bem e depressa. Finalmente encontrei um carpinteiro / laminador (especialista em fibra de vidro, para quem não sabe. Em português também se diz assim?) que trabalha bem, depressa e - segundo o I. - sabe o que faz.

Esse é outro sonho frequente: ver o P. pronto. Aposto que vai parecer-me tão estranho como comer plástico num hotel de cinco estrelas.

Um dia hei-de navegar o Estreito de Magalhães nele, passar o Horn e ir a Chiloé.

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Estes dias meio oníricos do Festival Islâmico acabaram. A vila regressa ao silêncio habitual. É um sonho de vila, esta.

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Mandei um artigo à R., uma das raras mulheres por quem fugiria de casa (se tivesse casa, eu sei. Não tendo é fácil).

Tens sim, estúpido. É um sonho, mas é real. Demonstra que tens uma interminável capacidade para concretizar os teus sonhos, apesar de tudo; e uma ainda maior para os esquecer.

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Sem querer, apercebo-me de que faço uma belíssima descrição de Mértola: um sonho dentro de um sonho dentro de um sonho.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.