30.8.19

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 30-08-2019

O Brie está naquele ponto, exterior ao mundo, para onde tendem os queijos: melhor do que ontem e melhor do que amanhã. Acompanho-o com o Intense (?) do Es 20 Bonaire. Já recentemente me aconteceu a mesma coisa, quando pela primeira vez, finalmente entrei no Cric & Croc, andava para lá ir há pelo menos meia dúzia de séculos: "a quatro euros e cinquenta cêntimos não pode haver Margaritas más". Hoje comprei trinta gramas do presunto mais caro do mercado e fui beber um fino (em itálico porque me refiro a um Jerez e não a uma cerveja no Porto). Consegui finalmente encontrar sal grosso, no El Corte Inglés. Sacana do Brie está a olhar para mim com aquela cara de parvo, toda engelhada, estreada de castanho "Vá lá, só mais um bocadinho, falta tão poco, amanhã vais ter de me deitar fora, bebe mais um copo de tinto" e eu a pensar que isto ia era com um bom Porto, robusto, um LBV da Warres ou o da Quinta do Noval. O tinto custa (+6.75/4) a garrafa e é bom, o sacana, tire-se-o do frigorífico e espera-se um bocadinho, a temperatura exterior depressa o leva ao sítio e tudo isto acompanhado pelo Pablo Casals a tocar as Suites para Violoncelo do Bach...

Espera, preciso de um ponto de ordem, um resumo, um ponto final, um fio condutor. pobre sim, miserável não.

Bom não posso dizer que seja pobre, pelo menos se nos ativermos a um lapso temporal curto, de qualquer foma vá lá saber-se o que é ser pobre, eu sei mas também sei o que é ser miserável e entre os dois prefiro primeiro, seja-o ou não.

Que se lixe, isto é um almoço, não é uma sessão de introspecção.

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"Só me apaixono pelas mulheres certas", explicava há bocadinho a uma amiga. "Isto é, aquelas por quem não devia apaixonar-me". Bem, desta vez tenho pelo menos a desculpa de ter tentado evitar, tentei o mais que pude até o elástico rebentar e pôr a nu a verdade crua. Nua não, infelizmente, porque estou muito longe mas lá chegaremos.

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Depois da sesta vou verificar se as Margaritas do Cric & Croc são verdadeiramente boas e vou pensar nesta coisa dos amores como ponteiros de um relógio parado.

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O P. está a ficar lindo de morrer. Lindo. Isto pode parecer exagerado, mas às vezes parece-me que a única coisa mais bonita do que ele que até hoje fiz foram os meus filhos - no caso deles graças à S., no do P. graças ao I. Que coisa mailinda aquilo vai ficar, San Telmo. Obrigado a ti, à armadora e ao I., a todos os que têm dado tempo, paciência e saber àquela obra de arte.

Obrigado sobretudo a quem o deixou chegar àquele ponto.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.