9.8.19

Guia de Palma, parte 1

Em Palma há imensos sítios para almoçar piores do que a Bodeguita del Centro. Quase todos, na verdade. O que me levou lá foi o nome, claro: gosto de piscares de olhos inteligentes (enfim, gosto de todos, mas aprecio especialmente os inteligentes). Lá dentro a inteligência (e o bom gosto; nem sempre andam juntos, mas quando andam é um gozo) manifestam-se de novo. Na decoração, na lista, sempre reduzida mas cheia de sentido, na cozinha aberta, à vista da sala. Se um dia tiver um restaurante vai ser assim, com uma diferença: os clientes ter-lhe-ão acesso fácil, como na Atenas dos anos oitenta. E na qualidade da cozinha. A especialidade da casa é o Tártaro, feito à máquina mas excelente de sabor. Hoje uma das entradas era um Arroz Negro simplesmente esmagador.

Não muito longe fica o Ca na Chinchilla, a casa da Chinchilla. A Isabel (de que Chinchila é o diminutivo) percebe de vinhos como ninguém, tem presunto fabuloso e tem o melhor empregado de mesa de Mallora: um senhor chamado Angel que é isso mesmo, um anjo. Ele não anda, voa de mesa para mesa, destas para o bar, tem sempre uma palavra amável, um conselho, uma sugestão a dar com graça e distinção. A casa bem pode ser da Chinchilla, mas é uma das minhas casas aqui.

Escrevo na Tasquita d'Esquina, outra das minhas casas, o meu escritório nocturno. A Sandra conseguiu o prodígio de ter um café português que não é uma tasca portuguesa (já por aqui o escrevi, eu sei). Faz uma francesinha de que não sou grande fã, mas assim que de repente me ocorra só há uma de que o sou, a de um café em Vila Real cujo nome não recordo. Alguém mais experiente na matéria será melhor avaliador do que eu. Venho aqui à noite escrever disparates e beber orujos (e medronho, quando o há), duas coisas que vão bem juntas. Às vezes como umas pataniscas, um prego, um pica-pau. A música é quase sempre boa, o ambiente agradável, a simpatia e a eficiência da Sandra admiráveis.


(Cont.)

  • Café Palma;
  • Antiquari, onde tudo continuou;
  • Il Divino, onde vou recomeçar os jantares literários;
  • Bodega Belver;
  • Quinta Puñeta;
  • Bodega Can Rigo;
  • Chocolateria Can Joan de S'Aigo, a Versailles de Palma (a léguas da nossa);
  • Café Os Maños, no Mercat del Olivar;
  • O stand do Luca, no mesmo mercado;
  • Moltabarra - para beber um copo, só. A comida está intragável;
  • Café Flexas;
  • Bar Rita;
  • A Sifoneria (Bodega de Sta. Clara);
  • Bono Bono, para se comer italiano decente;
  • Vermú Pintxos y Latas, para depois do trabalho;
  • Sete Machos, para as noites com (ou sem, depende de que se fala);
  • Bar Dia;
  • Café Santa Fé, para os domingos de manhã;
  • La Fabrique (ex-Smack), para se falar francês com gente culta, bonita - e comer optimamente;
  • No Es Bonaire 20 pode provar-se vinho, vermute e tortilla e depois comprar-se o que se gostou e levar para casa;
  • Vermuteria Vi-xet;
  • Restaurante Gustar.

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