8.9.19

Sentido, sentidos e outras coisas, igualmente importantes

Nada faz muito sentido, seja como for. Não percas muito tempo a procurá-lo, é como procurar uma meia desemparelhada: desapareceu para sempre e é impossível descobrir como ou porquê. Deixa o sentido em paz, não lhe toques, não penses sequer nele. Limita-te aos sentidos, todos eles. São o que te liga ao mundo. Vê o mar, toca as nuvens, cheira a paisagem, ouve a Lua, saboreia cada instante como se o sentido disso tudo te cortasse a língua logo a seguir.

A vida é uma manta de retalhos cosida por um cego e vendida por um bêbedo. Compra-a sem a ver, prova-a sem prestar atenção ao que o vendedor te conta. Aproveita a sorte que tens, pensa em todas as asneiras que fizeste como se fossem pilares do edifício que hoje és. Instável, é certo. Frágil. Hesitante...: os erros todos não chegaram para te dar certezas, ainda tens muitos de uns e poucas das outras pela proa.

Há pouco sonhavas com uma vida em terra; hoje sonhas com o mar; e amanhã? A Lua, claro. O deserto de Gobi. A Namíbia, onde fizeste um dos maiores erros da tua vida. O lago Titicaca, por causa do nome.

O Norte da tua agulha muda todos os dias. Aproveita, canta laudas e dá graças. Não tentes percebê-la, limita-te a amá-la.

Um dia serás correspondido.

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