24.5.20

Vidas, mediadas

Uma das coisas que o Facebook nos ensina é que a vida só é suportável nos romances, nos filmes, na banda desenhada e - em menor grau - na fotografia. Uma tranche de vie no primeiro grau, em bruto, incendeia as hostes de críticos, indignados profissionais e amadores, amigos dos animais e outras bestas que povoam as redes sociais. A mesmíssima tranche de vie mediada pelo talento do dia desencadearia ahs! e ohs! comovidos, encómios entendidos, acenos de quem se compreende.

A vida real tem o inconveniente do cheiro, que a da literatura obfusca e os narizes sensíveis das massas, coitados, resentem-se. De caminho incendeiam, insultam ou - na melhor das hipóteses - não compreendem. Não compreendem nada, verdade seja dita, mas isso é outra história.

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