Domingo de votações na Suíça. A nível federal, uma iniciativa xenófoba da UDC foi recusada, o governo viu aprovado um envelope de seis mil milhões de francos para comprar um avião militar (50,1% a favor, 49,9% contra), o PDC perdeu a votação para incluir os custos da guarda das crianças nas deduções fiscais (coisa que deixou a esquerda toda contente, claro. Baixar impostos provoca-lhe urticária) e os cantões urbanos ganharam contra os rurais uma alteração de lei para aliviar as regras sobre a caça de lobos. A lei actual é de 1986, quando praticamente não os havia. «Agora há em excesso e atacam os rebanhos», dizem os agricultores. «Queremos poder abatê-los.» Que nenni, responderam os betos urbanos. Um congé paternité (direito de os pais terem uma folga remunerada aquando do nascimento dos filhos) de duas semanas passou a rampa. Ao nível cantonal, uma má notícia para Genebra: o «soberano» (o povo) aceitou a introdução de um salário mínimo. Vinte e três francos / hora (aproximadamente vinte e um euros / hora). De uma maneira geral, estas eleições foram ganhas pela esquerda (felizmente, no caso da iniciativa sobre a imigração) e se eu cá vivesse teria ficado chateado. Chatice essa mitigada por um facto simples e inegável: aqui são as pessoas quem escolhe. Não são os políticos. Abençoado país! (E a UDC levou outra nega. Que venham muitas mais.) Agora só falta ver esta malta começar a rebelar-se contra as máscaras e outras medidas «anti-Covid» idiotas (entre aspas porque são tão eficazes na luta contra o vírus como eu no salto em altura).
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A três dias de fazer sessenta e três anos entusiasmo-me tanto com as votações como me entusiasmava quando cá cheguei, com vinte e dois. O que mudou foi que agora tenho mais conhecimento de causa, o que torna o entusiasmo mais agradável. Só espero já não ser deste mundo se um dia o soberano votar positivamente a adesão à União Europeia (a menos, claro, que esta adopte o sistema político suíço, o que faz parte do campo do possível tanto como ver-se António Costa transformar-se num homem de Estado.)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.