9.9.20

Espelhos

Das coisas que não sendo foram ou serão, das que foram não são e nunca mais serão, das outras, resta-me a lembrança da tua pele, dos teus olhos, das tuas mãos, do teu ventre. As coisas que não sendo são matéria de memória, olfacto das noites, alimento de amanhã. "Ya todo está" . "Solo una cosa no hay: es el olvido". "Os reflexos do teu rosto no espelho". Tu em mim. Não há espelho que reflicta isto: os espelhos não têm tempo.

Tempo é coisa da vida, coisa de sábio sofrido (passa-me o pleonasmo, passas?) Um dia inventarei um espelho ao retardador, só para ti. E pôr-me-ei nele como me ponho em ti: todos os dias, todas as memórias, para sempre.

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