28.2.21

Diário de Bordos - Lisboa, 28-02-2021

 Notas da manhã:

a) Passeio de bicicleta até Belém;
b) Ir de bicicleta até Belém é digno de nota;
c) Pela primeira vez, um polícia manda-me parar. Podre de razão: ia montado numa zona em que devia ir desmontado. Depois pergunta-me onde vivo. «Em Santos», respondo. «Tem que ter atenção, passeios só na zona de residência», diz-me num tom suave, como se me dissesse «olhe que para comprar caramelos já não precisa de  ir a Badajoz». Acedo e continuo;
d) A beira-rio estava cheia de gente, a tal ponto que voltei pela Marginal;
e) Grande quantidade de pessoas sem máscara. Não sei se éramos a maioria, mas que éramos muitos, sem dúvida;
f) Ou seja: nada a assinalar.

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Subestima-se facilmente o poder do acaso: mais um sintoma da hubris, essa tão presente e perene como aquele.

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A Europa fugiu a cavalo num touro (que não era bem um touro, mas não faz mal. Pelo menos era bonito). Agora deixou-se raptar por um miserável vírus. Há quem diga que o declínio da nossa civilização vem desde a Grécia clássica. Não sou grande adepto da teoria, mas lá que por vezes tenho vontade, tenho.

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Enquanto isso, as pequenas livrarias continuam a queixar-se, tadinhas. Ms não fazem a única coisa que deviam fazer: revoltarem-se e abrir todas.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.