Bilhete comprado. Vou para Genebra sexta-feira. Se tudo andar como espero (já nem ouso o verbo correr) só sairei de lá para Palma, de onde o P. me chama aos uivos. Deixo Lisboa com a habitual mistura de alívio e desespero. A ideia de que provavelmente o terminal de contentores da Alcântara vai mesmo avançar sem oposição deixa-me doente. Pagaria para que me tirassem o chip português da mona. Que vergonha, que desprezo pela cidade para benefício de meia dúzia de accionistas! Como é que um governo socialista aceita isto, promove esta fraude?
Outra fraude: o "desconfinamento". Como é que este povo engole estas patranhas?
Mais do que uma arte, ser português - e gostar de o ser, o que só piora a questão - é uma descida aos infernos. Faz-me pensar naquela experiência do liceu em que se punha uma bola de pingpong por cima de uma fonte de ar quente. A bola subia enquanto o ar estava quente. Mal arrefecia, voltava a cair até reencontrar o ar quente, ascendente. E assim andava, ad aeternum, para cima e para baixo, sempre no mesmo sítio. Como nós: não saímos da cepa torta, enquanto os governos vendem ou dão as boas aos primos e amigos.
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A ginjinha Sem Rival está fechada, mas consegui beber duas cervejas (ao almoço) e dous mojitos (antes do jantar) "ao postigo". É ilegal, eu sei, uma verdadeira aventura, um desafio. Vá lá, esta crise contribuiu para melhorar o meu léxico. Não fazia ideia de que se pode vender qualquer ao postigo. Como chamarão a isto em inglês, francês ou alemão?
Simples curiosidade, claro; na verdade, estou-me nas tintas. Com o mal dos outros posso eu bem. E com o bem igualmente, de resto.
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Fui cortar o cabelo. Há mais de um ano que não entrava num barbeiro. Já não podia ver-me ao espelho. Einstein nem sempre acertava. Ir ao barbeiro não é uma perda de tempo.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.