15.3.21

Moscas e vinagre, carneiros e liberdade

Para um liberal, tudo isto é grave. Ver abaladas uma série de crenças basilares exige bastante reflexão, reposicionamento, trabalho intelectual, ir às fontes, etc. Felizmente, há confirmações, para compensar.

Primeiro, a ideia de que as pessoas sabem o que é melhor para elas. Não sabem, não querem saber. Se alguém lhes diz que "vem aí o lobo" (aspas porque cito) elas primeiro acreditam, depois não vão verificar a fonte, e a seguir atacam quem não acredita. Pode pensar-se, é certo, que o medo lhes dá algum conforto e esse conforto é bom, logo as pessoas sabem o que é bom para elas. Falácia. Não é o medo que está em causa, é aquilo que se troca por ele, aquilo que se perde em nome do pânico. 

Segundo, as pessoas não ligam peva à liberdade. Trocam-na ao mais pequeno alarme. Os chineses perceberam isso há muito tempo. Se não queremos que os nossos governantes se deixem tentar e os imitem, teremos de lutar muito, mais afincadamente e sobretudo mudar a mensagem. Não se matam moscas com vinagre e não se seduzem carneiros com liberdades.

Terceiro, o código deontológico dos media deve ser revisitado. Aquilo que pensávamos adquirido não o está. A comunicação social continua comunicação, mas deixou de ser social. Existe para si. Dir-se-á que sempre foi assim. Talvez, mas agora o outro prato da balança ficou vazio. Tudo pende para o lado da comunicação. O social desapareceu do radar, pura e simplesmente.

Do lado das confirmações, há uma, mas importante: os governos não querem o bem das pessoas que governam. Buscam apenas a sua sobrevivência política. Um dia vai poder demonstrar-se isso a quem hoje apoia esta farsa. Qualquer liberal o sabia. É tempo de passar a mensagem aos estatistas.

Do lado muro das lamentações: quem duvidava da viabilidade de um partido liberal em Portugal estava podre de razão. O comportamento da IL nesta crise tem sido desprezível. 

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